segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Capítulo 13 - Klaus

"É meio chato viver para sempre. Depois dos primeiros séculos, as coisas ficam .... tediosas. Sim, são sempre as mesmas coisas e saber que nada pode te deter, te dá uma sensação muito estranha. Ás vezes sento vontade de me enfiar uma estaca no coração para acabar com isso, mas nem isso resolveria... É, é chato isso."

Mas tudo mudou um séculos atrás. Eu estava entediado como sempre, quando chega uma carta de um pai desesperado. Sua filha estava em estado terminal, uma bela moça que definhava em seus últimos dias. Ele soube da minha "condição" e como o amor de pai é grande, eu era o seu último recurso.
Soube que seu nome era Katherine e era extremamente bonita e adorável. Eu tinha que vê-la, conhecê-la. Cheguei em poucos dias e encontrei o senhor sentado na poltrona, com o rosto pálido e com os olhos tristes, distantes. Tratei de conversar com ele sobre o que ocorreria com ela e mesmo assim, ele tomou sua decisão.
- Faça o que deve ser feito.
Essa era a minha deixa. Observei como ele saiu lentamente da sala, ainda ponderando.
Andei até a porta indicada, sentindo a confusão da mente delicada atrás de mim. Abri a porta - que estava trancada, mas isso era fácil para mim - e olhei sob o lençol de seda branco, a pequena figura dela. Ela estava frágil, e não pude entender de cara que doença seria essa. A sua respiração era pesada, o seu peito se projetava para cima e para baixo com rapidez, mas ela não fazia barulho ... Parecia que estava pensando no que fazer. Corajosa.
Sorri um pouco e parei para poder analisá-la melhor: seus cabelos eram dourados, vivos e compridos. Seu corpo era estonteamento, sua respiração me convidava ... Pude sentir um fraco pulsamento nas veias e o seu coração que batia relutantemente. Cheguei perto da cama e me imobilizei.
Não demorou muito para ela levantar o lençol. Ela se chocou com a minha presença, pouco tempo depois ela começou a me analisar também. Tirei a minha capa de chuva, colocando-a gentilmente no chão. Passei a notar como ela era tudo o que eu imaginava: boca suculenta, traços finos, corpo proporcional. Seus olhos claros me fitavam com clareza, quase me desafiavam. Eu ri com pensamento, já que ninguém sequer olhava nos meus olhos, especialmente, quando estava prestes a entrar em sua cama.
Eu queria sentir o seu corpo se moldando a mim. Sim, eu precisava sentir o seu calor frágil, seus lábios no meu peito. Então, pulei em cima da cama e fui direto ao seu pescoço, sim o seu precioso pescoço. Afundei meus caninos na pele, o sangue veio facilmente. Notei como seus braços envolveram a minha cabeça, fracamente.
Ela estava fraca. Peguei-a no colo, tirando a sua camisola e juntando-se ao meu peito que era frio, mas serviria para algo. Depois de conseguir o suficiente para mim, pude olhar em seu rosto, os olhos profundos me tomando e mergulhando dentro de mim.
Acho que foi nessa hora que ela me enfeitiçou, e em seguida me beijou. E nós continuamos, durante várias décadas a seguir o mesmo ritual, até que chegou o dia.
Mas isso iria mudar. Em breve eu a teria de volta, deitada na minha cama, me acariciando e me trazendo uma boa xícara de café com canela.

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