domingo, 27 de fevereiro de 2011

Capítulo 9 - Meu pior pesadelo

Estava na pensão, mas ela estava diferente. Sim, era definitivamente a pensão: as paredes intactas, a bola de futebol jogada na entrada do quarto dos gêmeos, a bagunça da Lexi. Mas era estranho, o lugar parecia mais negro .., talvez a escuridão e o som de chuva estivessem me dando outra visão da pensão.
Levantei da cama, enrolada nos lençóis. O meu cabelo acordou de má vontade e não se aquietava. E estava frio, muito frio. Havia uma corrente de cento que não fazia à menor ideia de onde vinha, mas ela se enrolava em meus pés, envolvia meu corpo sob os lençóis e parava na minha barriga, onde queimava. Credo, eu precisava encontrar as minhas roupas.
Passei pelas roupas de Lexi e andei em direção ao meu armário. Abri e não encontrei nada. Droga, onde estavam elas? Pensei por um instante e resolvi tentar o armário de Lexi. Nada também.
Que raios?
Decidi por pegar as roupas da bagunça dela, e andei até a pilha no chão. Me abaixei para pegar uma blusa, quando, bem na frente dos meus olhos, uma fumaça passou por elas, fazendo com que a pilha sumisse. Que coisa, esse truque me assustou. Fui para o banheiro, ver se havia algo por lá. Entrei nele, virando para encontrar o espelho. A minha imagem era normal, a não ser pelo cabelo estranho e pela minha pele cansada. Céus, estava um quase-lixo. Abri a torneira e peguei um pouco de água com as mãos. Abaixei-me para alcançar mais água ...
Ah, a queimação na minha barriga de novo ... Isso doía muito. Levantei-me e olhei para o espelho, vendo uma sombra.
Pesadelo ... Pesadelo. Isso! Era um sonho estranho e, ruim. Vir-me-ei para a janela, quando vi a figura gloriosa que brilhava por trás do vidro.
- Lexi, acorde!
Hã? Ah, acordei.
A dona da pensão estava revirando Lexi, que dormia que nem uma pedra.
- Ah, que bom que você acordou, Katherine. Tente acordar essa menina, por favor. Há uma carta para ela na cozinha.
- Claro, acordo. Você poderia me dizer de quem é?
- Ah, isso eu não sei: só havia o nome da Lexi no envelope.
Estranho.
- Acorda, guria!
Eu gritei. Vingança é um prato que se come frio.
- Mas que droga Kath! Você andou bebendo de novo?
- Não. Acorde, chegou uma carta para você.
- Carta? De quem?
- Não sei. A Carmen veio aqui lhe acordar, mas você dormia feito uma pedra.
- Ah, cala a boca.
- Vá pegar a carta.
- Pego. Mas uma condição: você vai, a partir de hoje, dormir vestida. Isso pode parecer meio lésbico.
- Ah, claro.
Droga, ela falava a verdade. Droga, que sonho esquisito.

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