quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Capítulo 4 - Cuidado,garota!

Estava chocada. A figura escondida entre os matos e os túmulos era, igual a mim. Parei de respirar. Se eu já não estivesse morta, com certeza agora, eu estaria. Ela tinha o mesmo cabelo loiro longo, os olhos claros e expressivos e vestia uma calça jeans e uma blusa que me lembravam minha roupa. Precisava chegar mais perto, minha curiosidade ficava cada vez mais crescente.
Andei por de trás das árvores, e constatei que não havia ninguém por perto. Pude chegar mais perto, e ter uma visão privilegiada do alto da árvore. Bem, ela parecia mesmo comigo, ainda mais de perto, a não ser pelo fato de ser mais bronzeada que eu.
Eu tinha que arranjar um jeito de me livrar dessa cor de gasparzinho, pensei.
Ela parecia muito pensativa. Começou a revirar sua bolsa, e de lá retirou um pequeno caderno de capa azul, e estranhamente, começou a falar sozinha com o objeto inanimado.
- Querido Diário, hoje eu encontrei ele. Apesar de tudo - e olha que eu tentei de tudo - ele não me olhou.
Deve ser por causa da sua cor de queijo cheddar. Pensei e sorri. Mal eu fechei e abri os olhos, apareceram mais pessoas. Pareciam ser conhecidas da minha cópia. Uma alta, magra e outra baixinha, ruiva.
- Elena, você por aqui! Estávamos te procurando ... - a baixinha falou.
- Ah, Bonnie, você sabe. Ele nem me olhou! O que eu posso fazer, eu preciso dele .... Eu tenho que ficar com ele - ela disse
- Elena, espere. Nós vamos conseguir que tudo dê certo. Stefan a notará de qualquer jeito. Lembra-se do pacto? Nós não a deixaremos sozinha, ajudaremos você a conseguir o Stefan! - a outra alta magrela falou
Espera ... Stefan? Eu caí da árvore. Meu Stefan?
Eu me cansei daquilo. Queria saber se era o Stefan que eu estava pensando! Errr... Mas não poderia saber agora, porque uma monte de adolescentes chegava ao local. Será que por aqui não havia escola?.
Saindo do parque, me misturei a multidão que enchia as ruas. Andando, atordoada pelas ruas, estava no meu pior estado.
- Eu não posso acreditar!
Ouvi a voz estridente, chamativa.
- Não ...Lexi? Lexi!
Lexi era quase irmã dos Salvatore e, quase minha cunhada.
- Então, mas você está loira! Amei o seu cabelo!
- Gostou? Fiz em sua homenagem...
Passamos o restante do dia conversando. À noite, decidimos que era hora de caçar. Vesti um vestido curto azul marinho e ela, uma saia vermelha e uma blusa regata preta. Trocamos olhares para ver quem colocava o sapato preto, mas ela acabou pegando primeiro. Eu optou então, por um prata. Adorava fazer compras, porque eram .. de graça.
O local escolhido era um barzinho local, mas charmoso. Sentei-me perto da janela da entrada. Lexi foi buscar doses para a gente. Sorri para alguns desconhecidos, entretida com uma luz que saía do banco. Mal me acomodei, um rapaz moreno, de baixa estatura e barba por fazer se aproximou.
- Você está machucada?
Essa não. Será que havia sobrado alguma mancha de sangue no vestido? Lexi me confirmou que estava tudo limpo. Mas...
- Não? Por quê?
- Porque você caiu do céu, baby!
- Ah, que idiota!
Levantei-me e fui procurar Lexi. Preocupei-me a toa, que estúpida. Passando entre as pessoas, notei em um canto perto da janela uma gargalhada familiar: John! Eu o transformei, há certo tempo. Ele era o delegado da região, e não deveria ter me prendido aquele dia.
- Então, o que faz por aqui? Não vai me dizer que foi você ... - ele me falou, surpreso
- Eu o que? - eu falei, genuinamente com dúvidas
- O corpo deixado ali na frente, sem sangue.
- Corpo?
Só me faltava essa.
- Me parece um vampiro. - ele falou para mim.
- Lhe parece? Mas é. - eu falei, meu pensamento indo cada vez mais longe.
- Então ... Foi você? - ele, falou, engolindo a seco.
- Claro que não! Por que eu iria fazer algo desse tipo? - eu não reconhecia o corpo.
- Então está bem, vou confiar na sua palavra. - ele falou, como se pudesse fazer algo contra mim ...
Eu ri com o pensamento de que ele poderia me fazer mal. Juntas, eu e Lexi, éramos imbatíveis, com uma experiência de mais de quinhentos anos de idade. Ainda bem que meu corpo não demonstrava. Aliás, eu agradecia por ter sido congelada na imagem de dezoito anos, o que realmente, era perfeito para mim.
- Kath, onde você estava? - Lexi veio sorridente demais, com uma garrafa na mão (que já estava na metade).
- Aposto que aqui vendem garrafas pela metade! - eu falei, pegando o que restava.
- Ah, você sempre esperta! Acertou! Então, arranjei uma boa mesa para nós duas. Fica mais para dentro, e tenho certeza que você vai adorar nossas companhias! - ela falou, com um sorriso no rosto e uma expressão de quem estava aprontando.
Na mesa, descobri que tínhamos acompanhantes: dois morenos, um mais alto, que logo abriu um sorriso para mim, e puxou a cadeira para perto dele. O rosto dele estava iluminado. Deve ser a bebida, eu pensei. Mal deu tempo de olhar para ele, quando, meu olhar desviou para a bancada a frente. Estava ele, Damon.
Não sei quanto tempo passou ou o que o moreno estava falando para mim, eu só prestava atenção nele. Fazia algum tempo que eu não o via, desde aquela terrível ocasião. Damon é, sem dúvida, a minha primeira escolha de sempre ... Seus olhos fixos em mim, quando eu o transformei, numa manhã de segunda-feira, ainda na cama, me congelaram o coração. Ele estava bem como sempre, calças jeans escuras, sapatos fechados e camiseta preta, acompanhada por uma jaqueta de couro preta. Afinal, ele vestia tudo preto, porque não precisa de nada, aliás, não precisava vestir nada mesmo.
Mas .... A gente junto é difícil. Levantei da cadeira e, Lexi me acompanhou.
- O que foi?
- Damon.
Ela me acompanhou, silenciosa. Olhava para mim e desviava o olhar, incerta do que faria.
- Você já tem um lugar?
- Como?
- Casa.
- Não.
Ela sorriu, me puxando pelo braço e nos direcionando.
- Esse problema eu posso te ajudar.

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