quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Capítulo 5 - A república

Eu só podia estar sonhando. Estava em uma república, cheia de humanos, teria que manter um disfarce e estava feliz? Só podia ser brincadeira. É, eu estava no fundo do poço.
- Bom dia, dorminhoca!
Lexi me acordou, com um sorriso no rosto.
- Ah, já? Deixa-me descansar mais um pouquinho ...
- Nada disso! Você tem um dia cheio: arranje documentos, se matricule em uma escola e de preferência, arranje um emprego!
Ela deu as ordens, dando uma gargalhada maléfica no final.
- Você só pode estar tirando sarro de mim.
- Bem, se você quiser continuar aqui, PROTEGIDA, terá que agir como uma humana. E eu estou indo, beijos!
Ela disse, fechando a porta em seguida. Quero voltar a sonhar. Mas, infelizmente, eu tinha que acordar. Coloquei um vestido azul claro que Lexi havia me emprestado e achei entre os seus sapatos uma rasteirinha branca. Tentei revirar o estojo de maquiagem, mas não achei nada do meu estilo. Eu precisava urgentemente fazer compras.
Abri a porta lentamente, olhando para todos os lados. Passei pelo corredor e cheguei a uma ampla sala, com uma decoração eclética. Haviam quatro sofás no espaço, com alguns pufs em volta. Havia uma grande estante, cheia de porta retratos com fotos diversas, a sala era colorida e estranhamente, me senti bem lá.
- Er.... Olá?! - uma voz me distraiu dos meus pensamentos
- Olá! - eu falei, surpresa
- Precisa de ajuda? O Tyler não lhe indicou a saída? - a voz era de um jovem alto e magro, de cabelos desgrenhados
- Quem? É ... Quer dizer, não. Na verdade, eu estou dividindo o quarto com a Lexi, sou nova na cidade. - eu falei, minha voz saiu confusa
- Ah, desculpe. Eu pensei que você estava saindo do quarto dele... Bem, desculpe. - ele falou, meio envergonhado
- Prazer, sou Katherine. Mas eu prefiro Kath. - eu lhe disse, estendendo a mão.
- Prazer, eu sou Matt. Bem Vinda a pensão e, espero que você goste da cidade. - ele me cumprimentou, dando um meio sorriso
- Vamos tomar café? - ouvi uma voz serena me chamando.
Era a dona da pensão. Acho que meu sonho foi um pouco real.
O café estava ótimo. Quer dizer, se ainda estivesse viva, teria adorado. Comi pouco para não fazer desfeita com a senhora, mas logo disfarcei e tive que vomitar, para não ficar com aquilo parado no estômago. Eu precisava me alimentar de verdade.
Saí logo após e segui para a delegacia. Eu precisava ver o John para acertar minha estada na cidade, ou melhor dizendo: precisava de documentos falsos.
Aproveitei uns caminhos mais calmos e aproveitei para correr. Eram sete quarteirões segundo o Google, iria ser muito cansativo e tedioso se fosse a pé.
- Bom dia, senhorita. Em que lhe posso ser útil? - a recepcionista me disse, com um belo sorriso no rosto
Adorava ser chamada de senhorita.
- Sim, eu gostaria de marcar um horário com o delegado, é possível?
Na mesma hora, eu escutei a porta central abrir e ouvi:
- Katherine! Que prazer recebê-la aqui. Entre ... - John disse, com um maravilhoso sorriso no rosto
- Er... Olá! Eu iria marcar um horário com você, não quero incomodá-lo. - eu lhe disse, mas era mentira, queria resolver isso logo
- Que isso, você é conhecida. Alinda, traga um café para nós,okay? - ele falou, fechando a porta.
A sala estava reformada. Havia mudado muito desde a minha última visita, mas estava melhor. A parede que impedia a visão total da janela foi derrubada e o local foi tingido com cores claras, iluminando o ambiente. Uma grande mesa de madeira envelhecida roubava a cena do lugar, dividindo o espaço com duas enormes poltronas perto da mesa. Do outro lado, havia outra poltrona maior, onde John se sentou.
- Então, a que devo a agradável visita? Creio que você não estava só com saudades minhas. - ele disse, dando um meio sorriso ao final
Eu o olhei. Era estranho olhá-lo agora, pois estava tão diferente, ali uniformizado e com plena figura de autoridade. Ele era um pouco mais velho do que eu costumava a ficar e me sentir atraída, mas ele estava arrumado e cheirava incrivelmente bem.
- John, eu preciso de um grande favor seu. Eu preciso de documentos.
- Documentos, hum ... Então, você pretende ficar aqui? - ele disse, o sorriso aumentou.
- Sim, mas eu preciso de coisas boas, se é que você me entende. - eu lhe disse, firmando meus olhos nos dele
- Claro, eu lhe ajudo. Mas com uma condição.
Ele me disse, o sorriso se transformou em uma risadinha maléfica.
- Eu sabia. Que coisa?
- Ah, nada de mais. Só lhe peço que me visite constantemente.
- Claro, fechado!
Em seguida, ele digitou algo no computador. Alguns minutos depois, ele deu a confirmação.
- Está tudo certo. Logo trarão seus documentos, que você perdeu no terrível furação que ocorreu no últimos mês, na cidade vizinha.
Ele me disse, piscando o olho e saindo de sua poltrona e vindo até mim, sentando na minha frente. Céus, como ele gostoso. Estava cheirando maravilhosamente e me olhava com um tom provocador.
- Ah, muito obrigada. Irá me ajudar de uma forma que você não faz ideia.
Eu senti uma respiração forte chegando. Era ele, mais próximo a mim, com os olhos fixos no meu. Eu estava tentando imaginar o que lhe passava na mente.
- John, eu sinto muito por ter deixado você aquele dia. Eu fui para a sua casa depois, mas a sua esposa já estava lá.
Comecei a falar, sem nem haver uma pergunta
- Eu sei. O grandão parecia estar falando a sério, quando nos encontrou.
- Desculpe, eu deveria ter lhe dado um aviso, mas ele simplesmente apareceu. Achei que ele não falasse a verdade ...
As palavras saiam sem permissão. Senti uma agonia em meu peito, um calor me aquecendo e se transformando em algo mais ardente. Odiava lembrar isso. Lembranças deveriam ficar guardadas bem no fundo do meu ser.

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